terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Aprendendo a Duvidar...

""Não menos que se sabe, duvidar me apraz", afirma Dante. [...] A verdade e a razão são comuns a todos e não pertencem mais a quem as diz primeiro do que ao que as diz depois. Não é mais segundo Platão, do que segundo eu mesmo, que tal coisa se enuncia, desde que a compreendamos. [...] O proveito de nosso estudo está em nos tornamos melhores e mais avisados. É a inteligência que vê e ouve; é a inteligência que tudo se aproveita, tudo dispõe, age, domina e reina. Tudo o mais é cego, surdo e sem alma. Certamente nos tornaremos a criança servil e tímida se não lhe dermos a oportunidade de fazer algo por si. [...] saber de cór não é saber: é conservar o que se entregou a memória para guardar. Do que sabemos efetivamente, dispomos sem olhar para o modelo, sem voltar os olhos para o livro. Triste ciência a ciência puramente livresca. Platão afirma que a firmeza, a boa-fé, a sinceridade são a verdadeira filosofia. [...]
posto que a filosofia é a ciência que nos ensina a viver e que a infância como as outras idades dela podem tirar proveito, por que motivo não lha comunicaremos? [...] Buscai nela, jovens e velhos, um objetivo para vosso espírito; um alimento (sentido e esperança) [...] quem procede de outro modo parece dizer que ainda não é tempo de viver feliz, ou que já não o é."
MONTAIGNE, Ensaios. São Paulo: Nova Cultural. p. 75 - 77.

Pode-se dizer que filosofar é o nosso ato de tentar aprender a viver. O filósofo ama e procura constantemente o saber, não um saber abstrato, mas de compreensão e reflexão da realidade que nos cerca. Portanto, busca-se uma vivência esclarecida que implica em uma relação direta com o saber viver. Por isso, a filosofia não defende que haja uma verdade absoluta. Objetiva-se despertar a consciência para a cuidadosa reflexão sobre a existência, na tentativa de ressignificar a vida através da autonomia. (Marcella Martins)

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